CURRÍCULOS ENREDADOS POR FORÇAS, AFETOS E AFECÇÕES: O QUE PODE UM CORPO-PENSAMENTO QUE DESEJA DANÇAR?

(Última edição: quinta, 2 Mai 2024, 13:14)

Este trabalho objetiva pensar o currículo e a formação de professores em redes macropolíticas e micropolíticas dentro e fora da escola. Constitui-se em uma aposta na vida, mas uma vida outra: vida em errância, vida livre, vida desfigurada. Apresenta Deleuze, Guattari, Rolnik, Carvalho, Corazza, Dias, dentre outros, como intercessores teóricos, para deslocar o pensamento, que convoca a estancar “Eus” e pensar o que está à espreita. Apresenta, também, os signos artísticos na criação de sensações; a Filosofia, na (trans)criação de conceitos; a ciência (Educação), na criação de funções na tessitura de tramas que compõem uma conversa infinita. Como método de pesquisa, recorre à cartografia de Deleuze e Guattari e às redes de conversações, de Carvalho, para pensar forças, afetos e afecções em composições curriculares de uma escola de Ensino Fundamental e, também, em encontros vividos em espaçostempos de formação continuada com professores do município de Serra (ES). Tal como Deleuze, cujos intercessores são, além de filósofos como Espinosa e Foucault, a literatura, o cinema e a pintura, na composição deste trabalho intenta-se fazer conexões com sensações produzidas no corpo-pensamento no encontro com a imagem-dança. Ao entrar em relação com obras da “Quasar Cia. de Dança” e do coreógrafo Henrique Rodovalho realiza-se alguns agenciamentos com a dança que, enquanto signo artístico, é movida por linhas intensivas e extensivas na criação de outros mundos possíveis estabelecendo encontros infinitos com uma vida em imanência. Este trabalho assume uma dimensão ética, estética e política na tentativa de uma composição em devir-artista, configurando-se como um corpo-pesquisa de olhar curioso, experimentador, perguntador. Um olhar atento ao que se passa por entre as frestas deixadas pela ciência moderna realizando problematizações em relação às certezas, às “receitas” de aprenderensinar para pensar aquilo que vibra no “meio”, em constante processo de demolição, de (des)(re)territorialização. Um currículo enquanto corpo-relação, corpo-afecção e corpo-político dança entre forças macro e micropolíticas ampliadas pelo desejo coletivo. Uma formação inventiva enquanto máquina de guerra é um corpo-pensamento que deseja dançar no deslocamento e criar movimentos entrando em relação com uma vida imanente no cotidiano escolar. Assim, as relações saber- poder-subjetividade são pensadas de outro modo e a invenção ganha fôlego e velocidade no “meio” criando outros mundos possíveis, outros modos de existência e de resistência ativa: um pensamento que deseja dançar constitui-se em processos de subjetivação inventando rasuras, rabiscos, frestas, fendas, outros modos de existir e resistir.

Por Eliana Aparecida De Jesus Reis

Palavras-chave: Currículo / Formação de professores / Corpo-pensamento / Macro e micropolíticas / Máquina de guerra


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